quarta-feira, 6 de abril de 2011

O culpado já não sou eu!

Este capítulo já enjoa. Já é uma repetição tão perfeita que até já
sei quando vai voltar para me deixar em baixo novamente. E o mais estúpido
disto, é que não impeço isso de acontecer. É como se tivesse
uma placa à minha frente a dizer: 'Cuidado! Buraco' e uma seta a apontar
para baixo mas, mesmo assim, avançasse para ver se continua a saber ao mesmo.
E adivinha... É igual. É sempre igual. O peito ainda arde, como se uma bola de
fogo, do tamanho de um punho, estivesse no meio do peito a arder e a espalhar
a sua dormência pelo resto do corpo; a água salgada ainda abre caminho dos olhos até
aos cantos dos lábios; a cabeça ainda dói, depois de estar sensivelmente uma
hora enfiada nas almofadas molhadas. Quando parece tudo tão diferente, volta
tudo a ser tão igual. Houve vezes em que o culpado fui eu. Mas desta vez, a culpada
és só tu!

Se soubesses (...)

Se soubesses o quanto eu procuro, nas montanhas de palavras,
uma pequena luz num fundo escuro.
Perdido no preto, onde a luz do céu não me alcança
mas relembro as esperanças que tinha quando era criança.
Se soubesses, que és uma fonte de energia
que ainda fornece forças para mais um dia então tu sorririas
e abraçarias com gosto. O perfume do teu pescoço
quase toca o meu rosto. Ás vezes tremo quando passas,
tento e escondo porque razões não encontro para ir ao teu encontro
mas eu solto as palavras que ainda são para ti, as que devia
ter esquecido quando sorri pela ultima vez.
Contigo consigo, mas não sou o favorito.
Não procuras ou só procuras quando tens o coração ferido!
Eu reciclo as defesas mas atacas num breve olhar,
quando é que me vais chamar novamente? Quando sentires
aquela desorientação, assim que me vires tenta dar-me a mão
e experimenta perguntar-me o que se passa comigo.
O que se passa é que eu não aconteço quando não estou contigo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mais um ponto final.

Esta noite senti-te perto. Não te vi nem toquei, mas senti-te perto.
Testemunhei mais um dos momentos de fraqueza que ainda tenho. Aqueles que são teus, tal como
tudo o que é meu, exactamente por eu ainda ser teu. Será que isto terá um fim? Será que um dia chegarei
finalmente à página que dá titulo ao nosso último capitulo? Eu sei que para ti já foi há muito tempo, mas para
mim ainda está a anos luz de ser lido.
Agora já não sinto. Mas há segundos atrás, senti aquele fogo que só tu sabes acender. Conseguiste, mais uma vez, fragmentar
todas as minhas defesas e espalha-las no chão à minha frente, lançando-me a tua elegante expressão de gozo.  Hoje   foi    (outra)    gota    de    água.
Hoje    coloco    (mais)    um    ponto    final.  

segunda-feira, 14 de março de 2011

(Talvez) Até uma outra vez.

És um segundo. Cada nota é um grito que
lanço ao teu encontro. Gravo-te, mas perco-te
no momento em que sais. É como se te procura-se
por cada caminho já pisado que piso novamente
na esperança de te ouvir, tão leve e espontânea como
te ouvia quando o pisávamos juntos.
Este caderno está cheio, está escrito, está riscado! Está
abandonado por quem o escreveu comigo em dias em que uma expressão
alegre ainda reinava no meu rosto - e também no teu.
Talvez esta música se repita.
Talvez um dia te diga: Até uma outra vez.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Igual - Invisível

Hoje ouvi as batidas do meu coração. Peguei num estetoscópio e ouvi o ritmo que
tanto alteravas quando me tocavas, como só tu sabias tocar. Lembrei-me da tua forma de me
envolver nos teus braços, tão particular, tão exclusiva que até me custa cair na realidade de hoje - estranho, porque
sem ti, como posso eu voltar à minha sanidade mental? -.
Hoje ouvi-me calmo. Ouvi a batida mais vulgar que possas vir a ouvir durante a tua vida toda.
E quando me lembrei do vasto tempo que passou desde a ultima vez que me fizeste ser especial, senti-me igual a todas as outras pessoas do mundo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Copo.

Não sei ao certo o que me traz aqui esta noite. Está frio e
a luz tem dificuldade em iluminar esta atmosfera carregada de memórias e de saudades.
Mas não é para falar disso que aqui estou sentado. Na verdade, não sei do que é suposto eu falar. Talvez
seja altura de não pensar e de apenas deixar sair, tal como não fazer planos para o futuro e apenas ir vivendo.
Tudo é igual a um copo com água até às bordas. Num momento podemos estar cheio, como no outro vazio.
O vento leva o que temos, mas traz também coisas já esquecidas. Oiço-o em todo o lado. Oiço-o a passar
a velocidades aleatórias por entre as pás de um moinho de criança; oiço-o nas folhas nuas, frias e
abandonadas na noite... Também o sinto.
Hoje o céu está escuro. À excepção da luz que provém dos candeeiros já velhos
da rua, nenhuma outra parece incidir sobre ele. Hoje não há estrelas, tal como hoje não há planos.
Hoje sou um copo - outrora cheio, agora vazio.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Último momento.

Parece que foi ontem que virei as costas a quem amava numa oportunidade de fazer o melhor
para nós. Foi algo que me mudou porque, embora tenha caminhado tanto tempo depois
disso e esteja aqui, uma maior parte de mim ficou lá atrás. Não sei se está certo ou se foste tu que
levaste essa parte contigo. Gostava de me ver sorrir verdadeiramente outra vez.
Sorrir com todos os músculos e arrepios possíveis, e com todo aquele bom fogo que nos queima cá dentro.
Desde que parti/partiste que tenho saudades disso.
Lembro-me das palavras 'É o melhor para nós' e ainda sinto os restos do que me escorreu
pela face posteriormente.
Gostava de te ter dito que me abraçasses, mas parece que te antecipaste
e agarraste-me naquele momento, porque sabias que 'amanhã' não estarias aqui.