segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Copo.

Não sei ao certo o que me traz aqui esta noite. Está frio e
a luz tem dificuldade em iluminar esta atmosfera carregada de memórias e de saudades.
Mas não é para falar disso que aqui estou sentado. Na verdade, não sei do que é suposto eu falar. Talvez
seja altura de não pensar e de apenas deixar sair, tal como não fazer planos para o futuro e apenas ir vivendo.
Tudo é igual a um copo com água até às bordas. Num momento podemos estar cheio, como no outro vazio.
O vento leva o que temos, mas traz também coisas já esquecidas. Oiço-o em todo o lado. Oiço-o a passar
a velocidades aleatórias por entre as pás de um moinho de criança; oiço-o nas folhas nuas, frias e
abandonadas na noite... Também o sinto.
Hoje o céu está escuro. À excepção da luz que provém dos candeeiros já velhos
da rua, nenhuma outra parece incidir sobre ele. Hoje não há estrelas, tal como hoje não há planos.
Hoje sou um copo - outrora cheio, agora vazio.

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