segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Copo.

Não sei ao certo o que me traz aqui esta noite. Está frio e
a luz tem dificuldade em iluminar esta atmosfera carregada de memórias e de saudades.
Mas não é para falar disso que aqui estou sentado. Na verdade, não sei do que é suposto eu falar. Talvez
seja altura de não pensar e de apenas deixar sair, tal como não fazer planos para o futuro e apenas ir vivendo.
Tudo é igual a um copo com água até às bordas. Num momento podemos estar cheio, como no outro vazio.
O vento leva o que temos, mas traz também coisas já esquecidas. Oiço-o em todo o lado. Oiço-o a passar
a velocidades aleatórias por entre as pás de um moinho de criança; oiço-o nas folhas nuas, frias e
abandonadas na noite... Também o sinto.
Hoje o céu está escuro. À excepção da luz que provém dos candeeiros já velhos
da rua, nenhuma outra parece incidir sobre ele. Hoje não há estrelas, tal como hoje não há planos.
Hoje sou um copo - outrora cheio, agora vazio.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Último momento.

Parece que foi ontem que virei as costas a quem amava numa oportunidade de fazer o melhor
para nós. Foi algo que me mudou porque, embora tenha caminhado tanto tempo depois
disso e esteja aqui, uma maior parte de mim ficou lá atrás. Não sei se está certo ou se foste tu que
levaste essa parte contigo. Gostava de me ver sorrir verdadeiramente outra vez.
Sorrir com todos os músculos e arrepios possíveis, e com todo aquele bom fogo que nos queima cá dentro.
Desde que parti/partiste que tenho saudades disso.
Lembro-me das palavras 'É o melhor para nós' e ainda sinto os restos do que me escorreu
pela face posteriormente.
Gostava de te ter dito que me abraçasses, mas parece que te antecipaste
e agarraste-me naquele momento, porque sabias que 'amanhã' não estarias aqui.